segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Conto de Natal

   Lia chega à casa dos avós para esperar Papai Noel chegar com seu presente. A família inteira está lá, reunida. Lia brinca com seus primos enquanto os adultos comem, bebem e escutam o cd da Simone. Aquele tio barrigudo de gorro vermelho na cabeça não larga o copo de cerveja e só sabe repitir Ho, ho, ho! Feliz Natal! o tempo todo.
   A menina pergunta a todo instante à sua mãe o que será que o bom velhinho vai trazer de presente pra ela. Comportou-se tão direitinho durante as últimas semanas em que soube que o Natal estava próximo pra não correr riscos de não ganhar sua bicicleta rosa da Barbie. Ela se lembra muito bem de no ano passado ter pedido um carro e Papai Noel ter trazido um de brinquedo. Ficou bastante aborrecida com ele e, dessa vez, pediu uma bicicleta pra não haver equívocos.
   De repente, há barulhos no telhado. Parece que alguém anda lá em cima. Lia acha que é seu primo fazendo suas artes, mas sua mãe logo chama a menina para ver se não foi o bom velhinho quem chegou. As duas correm para a sala junto com todas as outras crianças e lá estão diversas caixas de presente com os nomes de cada um. Lia olha para sua mãe encantada. As duas se abraçam bem gostoso e a menina corre para abrir seus presentes primeiro que as outras crianças.
   Feliz Natal!

*****
   Em frente à estação das Barcas, na praça XV, Mariana e Jeferson escolhem o melhor pedaço de papelão para se deitarem e ficarem espiando o céu essa noite na esperança de ver o Papai Noel passar em seu trenó. Vai que ele joga um brinquedo pra eles ou pelo menos uma daquelas comidas de Natal que só veem nos encartes de supermercados!? 
   Enquanto isso, Fábio passa apressado por entre as ruas da cidade, pois teme perder a última barca em direção a Niterói, onde irá passar a noite com sua família. O rapaz não contava que seria liberado do trabalho tão tarde e precisava correr para chegar a tempo. Não pôde sequer comer algo, visto todo o trabalho que tinha que realizar para alcançar a meta do dia. Com isso, mal conseguia suportar o cheiro das rabanadas que levava consigo sem ter um desejo enorme de violar a embalagem feita na padaria e comer umazinha sequer. Ninguém ia dar falta mesmo, não é!?
   Em meio à correria do momento, Fábio escuta uma voz de criança chamar por ele e olha para trás, curioso, tentando descobrir de onde vem aquele chamado.
   - Aqui no chão, tio. - diz Jeferson
   - Oi, menino! Estou com muita pressa e não tenho dinheiro... - ia dizendo Fábio quando foi interrompido pela menina
   - Nós só quer saber que hora papai Noel passa no céu. Os adulto são tudo amigo dele, então, você sabe, né!?
   - Não, menina. Só sei que tenho hora e não posso perder a barca. - diz Fábio e começa a andar quando ouve Mariana dizer ao seu irmão
   - Poxa vida! Será que esse ano, outra vez, papai Noel vai esquecer da gente porque está muito ocupado? Todo ano ele está ocupado com as mesmas crianças e a gente fica sempre aqui olhando pro céu, esperando por ele e nada.
   - O pior é esperar com essa fome toda! Mamãe já saiu há dias dizendo que ia trazer comida e não volta. - lamenta o menino Jeferson
   Alguma coisa faz com que Fábio pare no mesmo instante, volte e ofereça aos dois irmãos a sua rabanada. Os dois se levantam do papelão num sobressalto, pegam a bandeja da mão de Fábio e devoram aquelas rabanadas com paixão. Fábio se levanta e continua seguindo seu caminho quando ouve novamente as crianças chamarem-no e dizerem:
   - Tio, diga ao papai Noel que adoramos o presente. Não disse que os adulto é amigo dele? Valeu!
   Fábio escuta o sinal da barca e percebe que perdeu a última partida, mas sorri.
   Feliz Natal!

*****

   Um casal de namorados acaba de sair da Missa do Galo e segue em direção à casa de seus familiares. A rua está deserta, mas precisam seguir a caminhada para não chegarem depois da ceia.
   De repente, avistam dois homens magros e altos vindo em sua direção bem rápido. Ambos se assustam e resolvem entrar na próxima rua e começam a correr. Logo em seguida os dois caras também entram na rua e continuam andando e rindo como se fosse deles.
   Aflitos permanecem correndo até que, na próxima esquina, um terceiro homem aparece, pega a moça pelo pescoço e a faz de refém pedindo ao rapaz que passe tudo o que têm. O rapaz passa carteira, relógio, e cordão enquanto os homens tiram todos os objetos de valor de sua namorada. Entretanto, ele se lembra do celular que está guardado por baixo da bermuda e que custou uma pequena fortuna há poucos meses atrás. Resolve não mexer no celular.
   Tendo tirado tudo o que queriam, a menina implora que a soltem e deixem-nos ir embora. Os homens a derrubam no chão e começam a correr quando escutam o barulho de um toque de celular. Olham para trás e veem a luz na bermuda do rapaz enquanto este, de costas, abraça a namorada no chão.
   Ouve-se três disparos. O filho mais velho do chefe do tráfico ganha um celular de última geração de presente de Natal.
   Feliz Natal!

*****

   Uma mulher e seu marido viajam há dias e sentem fome e sede. A mulher está grávida e percebe que é o momento de ter seu filho. Batem de casa em casa quando a uma encontram, mas ninguém os deixa entrar. No caminho, há um estábulo e o homem deixa sua esposa ali com os animais enquanto procura lugar. Ao ouvir um choro de neném, volta correndo e encontra ali sua esposa com a criança já em seu colo e os animais à sua volta.
   E eis que surge o Natal!

   Feliz Natal!

Nenhum comentário:

Postar um comentário