Navegando por minhas lembranças, me dei conta de quantas vezes mergulhei fundo nessa vida.
A lembrança mais forte de mergulho que tenho é de quando a minha bisavó faleceu. Estávamos passando carnaval na região dos lagos e a casa onde estávamos era de frente pra praia. Assim que acordei, minha mãe me deu a notícia. Como não costumava chorar na frente das pessoas, fui para a varanda chorar sozinha e, quando olhei pro mar, lá estava o meu pai. Sozinho. No fundo. Mergulhava. Parava. Mirava águas mais profundas. Mergulhava.
Àquele dia, descobri que um bom mergulho pode nos ajudar a lavar nossa alma. E, hoje, eu lavo a minha fazendo um mergulho na minha própria história.
Jamais havia parado pra pensar a respeito, mas há pouco pude ter noção de que a minha vida é feita de mergulhos.
Sou muito extrema em extremos da minha vida. Mergulho nas minhas próprias convicções, minhas vontades, meus sentimentos e é difícil me trazer de volta à superfície. Só é capaz de fazê-lo quem me conhece muito bem.
A lembrança mais forte de mergulho que tenho é de quando a minha bisavó faleceu. Estávamos passando carnaval na região dos lagos e a casa onde estávamos era de frente pra praia. Assim que acordei, minha mãe me deu a notícia. Como não costumava chorar na frente das pessoas, fui para a varanda chorar sozinha e, quando olhei pro mar, lá estava o meu pai. Sozinho. No fundo. Mergulhava. Parava. Mirava águas mais profundas. Mergulhava.
Àquele dia, descobri que um bom mergulho pode nos ajudar a lavar nossa alma. E, hoje, eu lavo a minha fazendo um mergulho na minha própria história.
Jamais havia parado pra pensar a respeito, mas há pouco pude ter noção de que a minha vida é feita de mergulhos.
Sou muito extrema em extremos da minha vida. Mergulho nas minhas próprias convicções, minhas vontades, meus sentimentos e é difícil me trazer de volta à superfície. Só é capaz de fazê-lo quem me conhece muito bem.
Quando criança, mergulhava dentro de mim mesma. Nunca fui daquelas crianças da família que recebe a maior atenção do mundo. Aprendi a brincar comigo mesma, dialogar comigo mesma e a mergulhar no mais profundo de mim para buscar outros eus que pudessem dividir aqueles momentos comigo.
Por não ter muitas histórias, mergulhava em outras vindas de Neverland ou lugares parecidos e as tomava como minhas, como dos meus eus e navegava pelas minhas fantasias, meus contos de fadas.
Crescia e começava a criar convicções. E eis que vem o meu primeiro mergulho fatal: irei silenciar a todas as provocações do mundo para que, um dia, minha vitória seja bastante barulhenta. Mergulhei nos livros, nos cálculos, nas leis da física. Passei no vestibular de primeira, sem fazer cursinho e para um curso em que eu jamais precisaria estudar o que outrora foi meu tormento. Quase me afoguei inúmeras vezes, mas não penso em voltar à superfície tão cedo.
Há mares mais propícios para o mergulho e outros nem tanto. O mar mais maravilhoso que podia existir era a minha casa. E eu mergulhei profundamente nessa crença. Mas o mar foi ficando revolto, a tempestade chegando e eu já nem sabia mais se queria voltar a mergulhar um dia. O ar foi se acabando, o chão ficando cada vez mais próximo. De repente, senti uma força me puxando pra cima e, ao chegar à superfície, havia várias boias prontas a me ajudar a não mais me afogar. Tempo de descanso. E eu nunca mais pensei em me ver longe de tais boias.
Houve, sim, o tempo de pausa, mas a gente nunca desiste daquilo que nós realmente amamos. E, por amar mergulhar, fui em busca de outros mares. Não mais encontrei um tão perfeito quanto fora aquele, mas sei que um dia eu mesma criarei, gota por gota, um mar como aquele fora. Não quero que seja só meu. Haverá ressacas, mas eu não desistirei fácil dele. Esse é um dos mergulhos mais intensos de minha vida. Duvido que seja possível me fazer sequer olhar para cima.
Enquanto isso, mergulho em página adoráveis que me fazem mergulhar cada vez mais dentro de mim. Encontro mares redentores, abrasadores, imaculados. Encontro mares sonoros que me deliciam e fazem viajar a outros mares. Continuo os meus mergulhos e as minhas histórias.
Continuando... Um belo dia, estava eu buscando um pouco de ar na superfície e avistei o horizonte muito próximo de mim. Fui nadando em sua direção e cada vez me aproximando mais. Quando estávamos frente a frente, sentia como se o horizonte fosse inteiro meu e eu pudesse ser só dele também. Entretanto, em um de meus bravos impulsos, decidi que o horizonte não era o melhor lugar para viver. Poderia admirá-lo de longe e, assim, estaria satisfeita. Mergulhei. Mergulhei fundo nessa minha certeza e mal dei espaço para que o horizonte pudesse acostumar-se com a minha ausência.
Estava cada vez mais próxima à praia, quando senti a correnteza me puxar e levar cada vez mais ao fundo. Não era dos meus costumes mas, sem entender, me deixei ser puxada pela maré e, quando abri os olhos, estava eu novamente à superfície e o horizonte estava lá a me esperar. Em uma das minhas antíteses que propiciam os mais adoráveis mergulhos, permiti que o horizonte me tocasse novamente e o convidei para mergulharmos juntos. Desse mergulho à dois, não quero jamais voltar à superfície.
Estava cada vez mais próxima à praia, quando senti a correnteza me puxar e levar cada vez mais ao fundo. Não era dos meus costumes mas, sem entender, me deixei ser puxada pela maré e, quando abri os olhos, estava eu novamente à superfície e o horizonte estava lá a me esperar. Em uma das minhas antíteses que propiciam os mais adoráveis mergulhos, permiti que o horizonte me tocasse novamente e o convidei para mergulharmos juntos. Desse mergulho à dois, não quero jamais voltar à superfície.
E, assim, como boa borboleta que sou, metamorfoseio-me em mulher, borboleta, Anjo... Entretanto, não deixo de ser sereia para, ora mergulhar nos mares aos quais avistar, ora sentar-me à pedra mais alta e cantar ao mundo os mergulhos que fiz e os muitos que ainda pretendo fazer.
Dizem que a vida é um mar no qual devemos navegar. Concordo que a vida seja um mar, mas neste eu prefiro mergulhar.
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