quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Hipnotizada


Estava eu pensando sobre a utilidade das minhas palavras.

Escrevo e muitas vezes penso que tudo se perde depois de um tempo. Penso que nada daquilo posto no papel ou na tela de um computador fará sentido pra mais ninguém além de mim naquele momento.

Eu não quero elogios ao meu estilo, ao léxico utilizado, à métrica dos poemas.
Quero que sintam as entrelinhas. Quero que sintam a si próprios em textos que são de todos nós. Quero que a verdade inventada torne-se a mais doce realidade.
Vez ou outra, eu me surpreendo com comentários de passarinheiros que sobrevoam meu mundo literário e se encontram por aqui, se emocionam, se alegram, penetram no mais profundo das entrelinhas. Confesso que gosto. Sinto-me útil... Para o outro e para mim. Renovam-se minhas forças para pressionar o lápis até rasgar os papéis, para sair do casulo e ser mais borboleta.
Porém, hoje, há um passarinheiro que me chama muita atenção. Encanta o olhar da borboleta. Ele esteve sempre aqui, mas nunca antes havia revelado sua poesia. Podíamos enxergá-la em seu sorriso, em seu abraço, em seu jeito doce, em sua amizade. Sempre fora pura poesia. Nunca antes havia nos dito que toda essa poesia também se encontrava num papel.
Fiquei multicor em poder viver um pouco dessa linda hipnose consentida e saber que tem parte de mim nesse mundo que, até então, eu desconhecia. Hipnotizei-me em suas palavras e sinto-me grata por ter sido a mim concedida a honra de conhecer o grande poeta que está por trás de um excelente hipnotizador.
E o que escrevo? Não se perde. Permanece em mim, permanece no outro, permanece na poesia da vida, continua na poesia que nasce com outro poeta, que também é minha através da polifonia da vida, da polifonia dos tempos; que faz com que todos sejamos tudo e nada; que faz com que morramos para que permaneçam as palavras que saem de nós.
As minhas palavras não são minhas. Elas são suas. Faça delas o que quiser. Só não as deixe se perder.



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