sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Borboleta e a rosa

A vida de Borboleta não é fácil não! Borboleta passa por cada uma...
Dizem por aí que elas precisam de flor pra viver. Eu tinha uma rosa.
Aprendi com o Principezinho que não existe rosa como a nossa. Por isso, aprendi a guardar meu orgulho de Borboleta colorida e livre, minha arrogância de saber mais da vida por já ter voado tanto por aí e tantas outras convicções bem no fundo do meu coração para que houvesse mais espaço para bons sentimentos a serem ofertados à minha rosa. Não mergulhei fundo, visto que não sou peixe, entretanto, voei alto, bem alto nessa aventura com a rosa que era minha.
Aprendi com a vida que a mesma é curta e não sabemos até quando teremos o nosso jardim florido. Logo, é preciso sempre regá-lo, cultivá-lo e amá-lo. Fiz isso. Mas a minha rosa tinha tratamento especial. Afinal, nenhuma rosa era como a minha. Era ela que tinha cativado a mim. 
Eu sempre dei muita atenção a tudo o que o Principezinho me dizia, mas a minha rosa ainda não o tinha conhecido. Pena! Não aprendeu com ele que nos tornamos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos.
Minha rosa me cativou, mas foi embora.
Ora essa! Onde já se viu rosa mais rebelde! Desde quando rosas vão embora? Porque será que o Grande Jardineiro permitiu que este fato acontecesse? Porque não segurou a minha rosa e disse-lhe o tamanho da bobagem que fazia? Porque não apresentou-a ao Principezinho? Ele certamente saberia o que dizer...
Esse Grande Jardineiro é mesmo muito bondoso. Nunca interferira na liberdade de ninguém. E olha que de liberdade Borboleta entende! Ele sempre permitira a todos em nosso habitat ir e vir, mesmo que as consequências de nossas escolhas não fossem boas; sempre deixara todos viverem à sua maneira. Acreditava que, assim, seríamos mais felizes e, assim, realizava das mais belas provas de amor já vistas.
Com isso, não proibiu a partida da minha rosa, mas chorou comigo. Esteve ao meu lado em meio a tanta dor. E é Ele quem me empresta instrumentos para que possa expressar tudo o que sinto: saudades, dor, tristeza, aflição pela minha rosa nesse momento.
Ele diz que devemos esperar e confiar. Ele fala de uma tal promessa que não entendo muito bem.
Certo dia, Ele me lembrou de um poema que diz que, se cuidamos do jardim, as borboletas voltam a ele. Bem, ninguém nunca falou que seja proibido o retorno de rosas também. Continuo a esperar por ela. E, caso não volte, sei que o jardineiro me apresentará outros jardins onde me abrigar e me fará alçar voos incríveis.
Não me queixo. Borboletas sempre tornam a ser larva, pois precisam, qual rosa, desabrochar novamente, abandonar o casulo e ir em busca de novos jardins (mesmo que nunca saiam do mesmo).

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